Desistiu de Anelaris?
Não, nunca.
O que aconteceu então?
Coloquei os pés no chão.
Duas pessoas falaram isso. Bem, uma me perguntou se eu tinha
desistido e a outra agiu como minha porta voz dizendo que eu tinha desistido
sem nem mesmo ter falado comigo.
Eu não desisti de Anelaris, jamais faria isso. Não posso
desistir da coisa que me prende a sanidade.
As explicações são tantas que somente meus pensamentos
conseguem compreendê-las. Não sei se consigo colocar todas em um texto que faça
sentido. Vou tentar.
Bem, quando comecei a escrever Anelaris eu achava que o sim
de uma editora era tudo. Achava que a parte difícil estava em conseguir o sim,
que depois disso a vida seria uma maravilha. E minha mente fantasiosa me fazia
pensar que vender livros era mais fácil ainda. Doce ilusão.
Depois de apanhar um pouco você acaba aprendendo algumas
coisas. Bem, eu acho que preciso apanhar mais um pouco, mas acho que não
cometerei os mesmos erros que cometi da primeira vez.
Por meses eu venho sofrendo toda vez que olho para os meus
livros. Eu venho guardado isso. E a coisa só vai crescendo dentro de mim. O que
não é bom. Eu não posso voltar no tempo e desfazer os erros, então o que resta
é assumi-los e seguir em frente.
Digam-me o que pode acontecer quando um aluno que detesta as
aulas de português, mas gosta de ler inventa de revisar um livro? Isso mesmo
que você deve ter pensado. Coisas muito ruins acontecem. Em minha defesa posso
dizer que procurei algumas professoras de português para me ajudar, mas elas
simplesmente desapareceram ou se tornaram incapazes do nada. Eu estava tão
ansioso com a coisa toda. Eu tinha um sim, não tinha como pagar para alguém
fazer a coisa e nem tinha a quem recorrer. Eu revisei o livro (ouvi uma risadinha
dentro da minha cabeça. É o Bruno do mal.)
Mandei o livro que eu tinha revisado. E depois disso foram
os dias maravilhosos. Recebi o miolo do livro, as capas para eu escolher. Era
como se tudo fizesse sentido. Aquilo era o paraíso para mim. Tudo tão
profissional, tão oficial.
Então os trinta livros chegaram. Eu fiquei namorando meus
livros por um tempo. Tão lindos me encarando. Foi então que eu abri. Eu tinha
certeza de que encontraria alguns erros, só não sabia que eles me deixariam tão
para baixo.
Sabe aquela coisa que você faz, sabe que está errada, mas
meio que tem um vício e continua fazendo? Pois bem, eu acabei deixando um
fantasma com acento agudo passar. E acho que só encontrei os erros mais bobos,
os grotescos eu não devo ter capacidade para identificar.
Vendi sete dos trinta livros. E desde então não tenho nem
tentado vendê-los porque eu tenho vergonha de que as pessoas vejam meus erros.
Mas eu não desisti de Anelaris. Tenho mais quatro livros prontos, um sendo
escrito aos poucos e um na minha cabeça.
Ainda pretendo lançar todos os livros de Anelaris (e outros
que estão prontos), só não sei quando e nem como.
Sabe o que mais me apavorou na coisa do erro? Li em um blog
que os erros de digitação eram aceitáveis, passáveis. Mas que os erros de
ortografia eram a morte do autor. Eu morri antes de nascer.
Estranho, mas me sinto mais leve depois dessa. Tenho certeza
de que fechei algumas portas com isso, mas estou me sentindo melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário